segunda-feira, 2 de março de 2015

Lembranças de um papiro.

Politicamente incorreto esse amor ultrapassado. Páginas já manchadas por todo esse tempo que já se foi, as folhas amareladas não escondem os seus bons tempos de livro de cabeceira, que me fazia a cabeça e imaginar diferentes caminhos que ocupavam toda minha noite. Audacioso, nostálgico momento, percebendo não saber onde eu fui parar ai dentro, onde foram parar aqui dentro, e assim por diante, se fez então cruel em permanecer na fronteira dos dois, sim, estava presente em ambos os lados, ao mesmo tempo, onipresente, presente, fugindo do seu tempo verbal. Será que eu cheguei mesmo ao fim, ou dei apenas a um pedaço da história, tal nomenclatura ? Fui condicionada a nomear o desenlace, quis separar aquele nó de marinheiro que colava meu racional ao  meu desleixado romantismo, ao meu desvirtuado encantamento passional . Com tantas malditas escolas literárias, eu fui logo viver o romantismo,  pretérito esse plano, mais clichê do que qualquer paixãozinha cafona por ai, mais "derretido" que qualquer publicidade de margarina.  Mas devo confessar, nada é mais verdadeiro do que a conformidade de que por mais que tenha um papel com meias escritas defasadas pelo tempo passado, é impossível se esquecer do conteúdo ao qual é remetido, é impossível se esquecer que os papéis tem memórias e guardam pra sempre as nossas lembranças mais renegadas. Se tens um segredo tão insuportável , conta- te para o papel , ele se deixará escrever e jamais descrever .

M.Castro